Debate: Samidoun recebe o dirigente do Hamas Dr. Bassem Naeem

Em debate internacional organizado pela Rede Samidoun
Dr. Bassem Naeem conclama ao aumento do apoio internacional à resistência palestina e à quebra do cerco a Gaza

A Samidoun – Rede de Solidariedade aos Prisioneiros Palestinos organizou um debate político internacional online, que contou com a participação do Dr. Bassem Naeem, dirigente do Movimento de Resistência Islâmica Hamas. Em uma intervenção direta e extensa, ele abordou a situação catastrófica vivida pelo povo palestino diante da guerra genocida em curso, conduzida pela ocupação sionista contra a Faixa de Gaza há mais de vinte meses.

Participaram do encontro militantes e membros da Rede de Estudantes e Jovens – Tariq el-Tahrir (Caminho da Libertação), ativistas da organização Alkarama – Movimento das Mulheres Palestinas, além de representantes do Movimento Caminho Palestino Revolucionário Alternativo – Masar Badil, sindicalistas e militantes políticos, e ativistas de mais de 24 países da Europa, América do Norte, América Latina e outras regiões.

Em sua fala, Naeem destacou que “o que está acontecendo em Gaza é uma guerra de extermínio sistemática que visa o ser palestino em sua vida, dignidade e futuro”. Ele convocou as forças populares e revolucionárias do mundo a considerarem a Tempestade de Al-Aqsa como uma batalha própria, coletiva e individual, conclamando à intensificação das mobilizações em apoio à resistência palestina em todas as suas formas, e ao rompimento do cerco sionista imposto à Faixa de Gaza há mais de 18 anos.

Acrescentou ainda: “A batalha em Gaza não é apenas palestina — é uma batalha internacional contra o colonialismo, o fascismo e a limpeza étnica”. Afirmou que “a trincheira da resistência é a trincheira da humanidade diante do projeto sionista racista”.

Naeem apresentou uma visão abrangente sobre a posição da resistência palestina frente às negociações e à natureza da batalha tanto no campo político quanto no militar, travada sob condições duríssimas e sem precedentes na história da humanidade. Relatou casos de famílias palestinas quase totalmente exterminadas, como o da médica Alaa al-Najjar, da família Abu Sharaiha, entre outras submetidas ao genocídio há mais de vinte meses. Denunciou também o colapso da vida cotidiana em Gaza, a destruição deliberada dos meios de subsistência e a política sistemática de fome imposta à população. Reafirmou, no entanto, que tais crimes não quebraram a resistência nem forçaram o povo palestino a se render ou aceitar os projetos e armadilhas do inimigo, ressaltando a consciência popular em Gaza diante das falsas “ajudas humanitárias” e das tentativas de liquidação da causa palestina.

Libertação dos presos e construção de uma frente de apoio à resistência

Charlotte Kates, coordenadora internacional da Rede Samidoun, afirmou em sua intervenção que a libertação dos presos palestinos é parte fundamental do projeto de resistência e libertação nacional, devendo estar no centro das agendas das forças revolucionárias ao redor do mundo. Chamou à construção de uma ampla frente internacional de apoio ao movimento de presos e à resistência palestina, sustentando suas reivindicações políticas, humanitárias e militares, lembrando que o povo de Gaza está na linha de frente da defesa da dignidade humana em nossa era.

Kates destacou que apoiar a resistência é inseparável do apoio à firmeza do povo palestino frente ao cerco e à agressão, e também está inserido na luta global contra o imperialismo e o colonialismo de assentamento. Ela denunciou os ataques direcionados às lideranças estudantis e ativistas pró-Palestina em universidades dos EUA e da Europa, que buscam silenciar as vozes da consciência viva, e defendeu a intensificação da solidariedade e da unidade frente a essa repressão.

A Tempestade de Al-Aqsa: Um caminho libertador sem volta

Durante o debate com o Dr. Bassem Naeem, os participantes abordaram a operação Tempestade de Al-Aqsa, iniciada pela resistência palestina em 7 de outubro de 2023, como um ponto de virada estratégico na luta contra a ocupação, e parte de um processo contínuo de libertação histórica que não cessará até a derrota total da entidade sionista e a libertação completa da Palestina, com destaque para Jerusalém e a Mesquita de Al-Aqsa.

Rawa Alsagheer, coordenadora da Rede Samidoun no Brasil, apresentou um panorama das atividades e campanhas em curso contra o sionismo e contra a farsa do “Dia da Amizade Brasil-Israel”, mencionando também o papel da solidariedade na campanha de apoio ao navio Madleen. Destacou os desafios enfrentados pelas forças de apoio à resistência no Brasil.

Enfrentar a repressão acadêmica e ampliar a frente de solidariedade estudantil

A estudante Iman Hawari declarou que a criação de uma organização juvenil e estudantil como o Tariq el-Tahrir (Caminho da Libertação) tem como objetivo fazer parte do movimento de resistência no campo internacional, atuando na organização da diáspora palestina, especialmente das novas gerações.

O debate também abordou o aumento da repressão contra estudantes e ativistas pró-Palestina nas universidades ocidentais, especialmente nos EUA, Canadá, França e Alemanha, onde campanhas de boicote e ocupações estudantis vêm sendo alvo de repressão violenta, suspensões e prisões, numa tentativa de silenciar as vozes livres que denunciam o genocídio e a limpeza étnica.

A Rede Samidoun defendeu a necessidade de ampliar a frente de solidariedade estudantil e juvenil, fortalecer os laços entre os movimentos juvenis anti-imperialistas e intensificar as campanhas de rua e midiáticas que denunciem os crimes da ocupação e cerquem seus instrumentos acadêmicos, econômicos e culturais em todo o mundo.

A rede afirmou que esta batalha derrubou a aura de invencibilidade do inimigo, expôs sua fragilidade e abriu um novo horizonte para as forças de resistência na região, renovando o espírito de luta dos povos que aspiram à libertação frente à hegemonia imperialista e colonial.

Encerramento: Rumo a uma frente internacional de resistência e libertação

Ao fim do debate, a Rede Samidoun afirmou que esta atividade faz parte de uma série de iniciativas internacionais destinadas a expor os crimes de guerra sionistas em Gaza, no Líbano e no Iêmen, além de reforçar os vínculos entre a luta palestina e os movimentos revolucionários na região e no mundo. Destacou que a ampla participação reflete o crescimento da frente internacional de solidariedade com a resistência e com a luta pela libertação e pelo retorno.


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