Anhar Al-Deek, mãe palestina, cumprirá a pena em prisão domiciliar após movimentos sociais do mundo pressionar o governo Sionista.

 Anhar Al-Deek, mãe palestina, sairá da prisão Damon hoje, 2 de setembro, e cumprirá a sua pena na casa de sua família em Kafr Nima, perto de Ramallah, na Palestina Ocupada. O advogado palestino Akram Samara, que representa Anhar Al-Deek, disse que ela foi “solta” pelo tribunal militar Ofer após sua família ter acordado pagar uma fiança de 40.000 NIS ($ 12.500 USD) e, também, que a militante, mãe, palestina, ficará em prisão domiciliar na casa de sua família.

Anhar Al-Deek, de 25 anos, está gravida de nove meses e à qualquer momento poderá dar à luz, sendo que para realizer seu parto se faz necessário uma cesariana. Ela foi presa pelas forças de ocupação israelenses no dia 8 de março de 2021 – Dia Internacional da Mulher – quando ela estava grávida de quatro meses, portava apenas uma pequena faca de frutas em sua posse e foi o bastante para ser acusada de tentar esfaquear um colonizador ilegal israelense.

Para que a militante não tivesse que parir dentro do sistema carcerário israelense foi organizado um protesto, generalizado, palestino, árabe e internacional, o que fez com que o governo sionista  mudasse sua decisão, dessa maneira ela poderá ir para a casa da família cumprir pena domiciliary. Porém, isso não significa que ela não esteja sofrendo e não tenha sofrido penalidades injustas ao longo desses meses de gravidez e que foi privada de liberdade. Enquanto estava presa apresentou graves sintomas de saúde física e mental sendo diagnosticada com depressão bipolar, não teve os cuidados médicos de que precisa e não era permitido a visita de seus entes queridos, seu marido e sua filha Júlia, apenas em audiencia que a prisioneira pôde ver ser marido e irmão. Anhar Al-Deek foi jogada grávida no sistema prisional militar israelense e não teve acesso a nenhum direito.

Foi apenas por perceber o poder e a pressão de movimentos sociais no que diz respeito a prisão de palestinos nas cadeias israelenses que ela teve a pena amenizada, mas isso não significa justiça por parte de Israel e sim uma pequena conquista resultante de uma luta arábe, palestina. Milhares de palestinos, árabes e apoiadores internacionais da Palestina protestaram e denunciaram o caso nas redes sociais, especialmente depois que sua carta foi lida fora da prisão israelense. O conteúdo da carta era referente as condições que enfrentaria após o nascimento do bebê, isolada e presa com seu filho recém-nascido, sem o apoio de seu marido e sua mãe:

“Sinto muita falta de Julia, minha filha amada. Meu coração chora por ela, desejando poder abraçá-la e segurá-la em meu coração. A dor em meu coração não pode ser expressa.

O que posso fazer se tiver que dar à luz longe de você, acorrentada? Você sabe o que é passar por uma cesariana fora da prisão. Como será passar por isso acorrentado dentro da prisão?

Estou tão cansada e com muitas dores … Não sei como darei os primeiros passos após a cirurgia, quando o carcereiro segura meu braço com nojo … Como posso proteger o bebê dos terríveis carcereiros?

Peço a todas as pessoas de consciência livres e honradas que ajam, mesmo que levantem uma palavra! …

Anhar Al-Deek é atualmente uma das quarenta mulheres palestinas presas em prisões israelenses, ou domiciliar, condenadas pelo governo sionista. Sendo que onze das mulheres detidas são mães separadas de seus filhos pela ocupação israelense, no mês passado  negaram Khalida Jarrar, líder política palestina e feminista, que fosse ao enterro e ver o corpo  da sua filha Suha Jarrar, também ativista palestina e defensora dos direitos humanos, que morreu de maneira inesperada. Contando homens e mulheres hoje o total é de 4.750 presos políticos palestinos.

Samidoun Rede de Solidariedade aos Prisioneiros Palestinos se solidariza à família de Anhar Al-Deek. Ao mesmo tempo que alertamos para a necessidade de continuar a monitorar seu caso de perto, especialmente porque ela ainda não voltou para casa, e, mesmo em casa continuará sendo uma presa política, além de que a sua gravidez foi extremamente traumática e sua maternidade não será livre enquanto a ocupação israelense continuar a impor condições injustas sobre ela.

Seu caso também destaca a importância da mobilização palestina, árabe e internacional para destacar as injustiças diárias da prisão política israelense e a firmeza e resistência dos prisioneiros políticos palestinos. Liberdade para todos os prisioneiros palestinos, e toda a Palestina, do rio ao mar!